(...)Naturalmente eu cresci. Meu corpo pedia mais. Não me contentei mais com o cobertor amarelo que a cada ano era diminuído pela avó (devido a umidade que eu causava neles). Também não ficava mais feliz em morder bonecos moles e barulhentos. Não me contentava nem um pouco acompanhando móbiles giratórios que me deixavam tonta. NÃO! Eu queria jogar tudo pro alto mesmo... Pular na cama, cortar o cabelo sozinha, comer biscoito de cachorro sim, desenhar na parede, brincar de barbie, casinha e loja. Fazer "show" em cima da grade da horta. Cantar parabéns para as mudas de cebolinha todo-santo-dia. Esmagar plantinha que eu pensava ser uma minúscula banana verde, dar pipoca aos cachorros e tomar minha dose de vinho diária, chamada carinhosamente de "saúde" pela tia avó.
Apaixonei-me pelo café da manhã da Xuxa, pirocópteros, pirulitos de 7 Bello e pela TV. É. Havia chegado a hora de virar consumista. Eu tinha os MEUS discos, os MEUS brinquedos e os MEUS desenhos prediletos. Pertencia a mim também um pai que ouvia Legião Urbana e Raul Seixas e uma mãe que ouvia Oswaldo Montenegro(...)
16 agosto 2010
23 julho 2010
Unicórnios Imaginários
Nasci em uma quinta feira alegre na maternidade Santa Cruz. Anos depois descobri que meu primo nasceu no mesmo quarto que eu, mas isto não vem ao caso.
Quando nasci ganhei uma mudinha de uma árvore para plantar no quintal . A árvore já foi embora faz tempo, mas o "guia" dela eu ainda tenho.
Quando fui pra casa, lá estavam 9 cachorros, alguns gatos e trinta e poucas galinhas com seus pintinhos e seus galos.
Aprendi a engatinhar em meio aos cachorros que também andavam com seus quatro apoios.
Diferente deles, mais tarde eu consegui me equilibrar em duas pernas.
Para a alegria deles, ou para o desespero, enquanto crescia, eu montava em seus "cangotes" e seguia rumo a minha terra encantada.
Eles eram os meus unicórnios coloridos com grandes topetes cheio de estrelas e rabos de diversas cores.
Como eu tinha medo das galinhas e seus bicos, que eu carinhosamente chamava de "belisquinhos", elas eram as terríveis pragas malígnas das quais eu precisava fugir.
O pior é que elas tinham um chefão: Bóris, o Boxer. Bóris era mesmo um cão da raça Boxer e era muito bravo, anti social com crianças, adultos, outros cachorros, cavalos... Mas se dava muito bem com as galinhas (?) Por isso, morava no galinheiro.
Continuei crescendo, perdendo meus unicórnios de acordo com a velhice de cada um. Outros poucos partiram cedo, por causa de envenenamento.
Enquanto continuei ficando mais velha, tive tartarugas, hamsters, mais cachorros, gatos, coelhos, mais cachorros, passarinhos, carneiros, mais cachorros, um pato sapeca, peixes e mais cachorros.
Enquanto cresci também vi a raça pequinês sumir do mundo, bem como os dobermans.
Abandonei meu posto de fazendeira mirim quando pisei nos meus 17 anos e fui trabalhar.
Sempre tive sim alguns animais depois desta data. Mas em quantidades mínimas.
Uma das mais notáveis pequenas criaturas foi a Xuxa, a vira latas mais humana que já conheci.
Sofria de asma, teve gravidez psicológica, assistia televisão e morreu de diabete.
Hoje tenho uma calopsita macho, Jude (pq eu gosto do Jude Law e meu irmão da canção dos Beatles) e duas meninas vira latas que já beiram seus 16 anos. Meu coração dói quando penso que elas já ultrapassaram a expectativa de vida canina.
Queria poder falar de cada amiguinho que colecionei estes 23 anos, mas cada um é uma história.
Quem sabe um dia eu conte algumas.
Desabafo de 2009.
Para ler ouvindo:
Quando nasci ganhei uma mudinha de uma árvore para plantar no quintal . A árvore já foi embora faz tempo, mas o "guia" dela eu ainda tenho.
Quando fui pra casa, lá estavam 9 cachorros, alguns gatos e trinta e poucas galinhas com seus pintinhos e seus galos.
Aprendi a engatinhar em meio aos cachorros que também andavam com seus quatro apoios.
Diferente deles, mais tarde eu consegui me equilibrar em duas pernas.
Para a alegria deles, ou para o desespero, enquanto crescia, eu montava em seus "cangotes" e seguia rumo a minha terra encantada.
Eles eram os meus unicórnios coloridos com grandes topetes cheio de estrelas e rabos de diversas cores.
Como eu tinha medo das galinhas e seus bicos, que eu carinhosamente chamava de "belisquinhos", elas eram as terríveis pragas malígnas das quais eu precisava fugir.
O pior é que elas tinham um chefão: Bóris, o Boxer. Bóris era mesmo um cão da raça Boxer e era muito bravo, anti social com crianças, adultos, outros cachorros, cavalos... Mas se dava muito bem com as galinhas (?) Por isso, morava no galinheiro.
Continuei crescendo, perdendo meus unicórnios de acordo com a velhice de cada um. Outros poucos partiram cedo, por causa de envenenamento.
Enquanto continuei ficando mais velha, tive tartarugas, hamsters, mais cachorros, gatos, coelhos, mais cachorros, passarinhos, carneiros, mais cachorros, um pato sapeca, peixes e mais cachorros.
Enquanto cresci também vi a raça pequinês sumir do mundo, bem como os dobermans.
Abandonei meu posto de fazendeira mirim quando pisei nos meus 17 anos e fui trabalhar.
Sempre tive sim alguns animais depois desta data. Mas em quantidades mínimas.
Uma das mais notáveis pequenas criaturas foi a Xuxa, a vira latas mais humana que já conheci.
Sofria de asma, teve gravidez psicológica, assistia televisão e morreu de diabete.
Hoje tenho uma calopsita macho, Jude (pq eu gosto do Jude Law e meu irmão da canção dos Beatles) e duas meninas vira latas que já beiram seus 16 anos. Meu coração dói quando penso que elas já ultrapassaram a expectativa de vida canina.
Queria poder falar de cada amiguinho que colecionei estes 23 anos, mas cada um é uma história.
Quem sabe um dia eu conte algumas.
Desabafo de 2009.
Para ler ouvindo:
21 julho 2010
Texto da peça "Agonia relaxada com irritação e maracujá" (08/2005)
Lástima! Essas horas?
É, eu tava lá. Embaixo de todo aquele céu.
Todas as pessoas estavam juntas e todos os quintais tinham pezinhos de limão.Os homens ainda tinham medo de olhar pra cima e as crianças subiam nos pequenos pés.
O medo dos homens não supria o desejo das crianças. Foi aí então que criaram a caixinha lá no alto. Aquela caixinha de ver estrelas.
Eu queria poder alcançá-la, mas não deixam. Interditaram, eu acho.
Mas que puxa, eu só queria continuar a sonhar... Pra sempre.
Eu nunca te vi por aqui. Acho que é porque a casa é muito grande.
Eu acredito em mim, mas acredito muito mais em você.
Você não deve se preocupar comigo.
A caixinha de ver estrelas continua lá, mas tá fechada.
Os pezinhos de limão secaram, mas sobrou eu aqui.
As crianças cresceram, os homens foram embora e eu estou aqui... Embaixo deste céu, nesta casa muito grande.
Acredite em mim... é perigoso acordar as pessoas dos seus sonhos.
(Nicole Agosto/2005)
Para ler ouvindo:
É, eu tava lá. Embaixo de todo aquele céu.
Todas as pessoas estavam juntas e todos os quintais tinham pezinhos de limão.Os homens ainda tinham medo de olhar pra cima e as crianças subiam nos pequenos pés.
O medo dos homens não supria o desejo das crianças. Foi aí então que criaram a caixinha lá no alto. Aquela caixinha de ver estrelas.
Eu queria poder alcançá-la, mas não deixam. Interditaram, eu acho.
Mas que puxa, eu só queria continuar a sonhar... Pra sempre.
Eu nunca te vi por aqui. Acho que é porque a casa é muito grande.
Eu acredito em mim, mas acredito muito mais em você.
Você não deve se preocupar comigo.
A caixinha de ver estrelas continua lá, mas tá fechada.
Os pezinhos de limão secaram, mas sobrou eu aqui.
As crianças cresceram, os homens foram embora e eu estou aqui... Embaixo deste céu, nesta casa muito grande.
Acredite em mim... é perigoso acordar as pessoas dos seus sonhos.
(Nicole Agosto/2005)
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